
A IV Conferência da Década do Oceano, aberta oficialmente esta manhã pelo Presidente da República, José Maria Neves, em São Filipe, ilha do Fogo, iniciou os seus trabalhos, depois da Conferência inaugural, com uma discussão rica e mobilizadora sobre os desafios do acesso ao conhecimento e aos dados oceânicos.
Sob a moderação de Yara Rodrigues, do Instituto do Mar (IMar), o primeiro painel — intitulado “Acesso ao Conhecimento e Dados Oceânicos: Desafios da Ciência” — reuniu vozes de referência na investigação científica: Paulino Dias, da Universidade de Cape Coast (Gana); Corrine Almeida, da Universidade de Tecnologia e Ambiente (UTA); Arne Körtzinger, do GEOMAR Helmholtz Centre for Ocean Research; A troca de ideias evidenciou a urgência de uma abordagem inclusiva e interligada, capaz de integrar as comunidades costeiras como fontes e beneficiárias da produção científica.
Os intervenientes sublinharam que os dados disponíveis estão ainda longe de refletir a realidade vivida nos territórios, sendo essencial alinhar agendas e instrumentos — tanto a nível vertical, entre instituições e governos, como horizontal, entre setores e territórios. Foi também enfatizada a necessidade de assumir a informação como um bem público, acessível e útil para todos.
A tecnologia, embora reconhecida como um ativo estratégico, só produzirá resultados transformadores se acompanhada de uma cultura científica efetiva e de uma estratégia de comunicação que fale a linguagem das comunidades.
O painel reforçou, assim, que o conhecimento sobre o oceano deve ser construído com e para as pessoas, traduzindo os seus desafios reais e projetando soluções sustentáveis e partilhadas.