MENSAGEM DE O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, DR. JORGE CARLOS FONSECA, POR OCASIÃO DOS TRINTA ANOS DA MORTE DE BALTASAR LOPES DA SILVA

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28 de Maio de 2019

“Neste dia 28 de Maio passam 30 anos da morte do escritor, advogado e pedagogo, homem maior das letras de Cabo Verde, Baltasar Lopes da Silva. Costuma-se dizer que o verdadeiro tamanho de um país, seja ele qual for, é a sua dimensão interior, o interior de cada homem e da cada mulher, que contribuíram para projectar a condição humana específica do seu povo.

Baltasar Lopes foi um desses homens capazes de interpretar a vivência dos cabo-verdianos, ainda bastante jovem, logo ao acabar de se formar em Lisboa. Preferiu regressar às suas ilhas, quando tinha todas as condições para seguir uma carreira, que adivinhamos de sucesso, na então Metrópole. Decidiu enveredar pelo ensino, levado pela paixão que os grandes espíritos sentem pela magia da transmissão do conhecimento às novas gerações, e, nesse mesmo percurso de pedagogo, as letras tornaram-se o seu melhor veículo para interpretar e exprimir as ansiedades dos seus conterrâneos, no seu tempo.

Estas ilhas foram sempre construídas por espíritos generosos e iluminados. Trinta anos depois da sua morte, os efeitos da sua trajectória de vida, as suas ideias, os seus ensinamentos, os seus métodos e formas de pensar, as suas causas, as suas paixões, estão ainda bem vivos e são lembrados e seguidos por muitos. Aqueles que entre os seus podem contar com um escritor e pedagogo da sua craveira só podem sentir-se orgulhosos.

Nas páginas dos seus textos, do histórico e fundacional romance Chiquinho aos seus contos, poemas, ensaios, assim como nas suas lições e nas suas intervenções públicas, Baltasar Lopes deixou uma marca indelével, entre nós. Uma marca que ainda perdura, como exemplo do intelectual comprometido com o seu povo, desde a primeira hora, capaz de dedicar toda a sua vida a essa causa maior. E neste data, em que recordamos o seu desaparecimento, vemos com imensa satisfação a reedição da sua obra maior, Chiquinho, esse romance de uma vida, mas também de muitas vidas, e de um tempo nosso. É também motivo de regozijo a importância que o seu nome tem no ensino, em Cabo Verde, de como é uma grande referência e lembrado pelos mais jovens.

Neste dia simbólico, fazemos votos para que o nome de Baltasar Lopes da Silva – figura de proa dos chamados Claridosos, o grande movimento cultural destas ilhas – continue a ser cada vez mais lembrado, que as suas obras continuem a ser objecto de estudo e de divulgação, e as suas ideias inspiradoras para jovens escritores e poetas, para professores, em cada escola, em cada canto das ilhas”.