Mensagem de Ano Novo do PR José Maria Pereira Neves

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Cabo-verdianas e Cabo-verdianos,
Queridas Amigas e Caros Amigos, 

Quando estamos prestes a iniciar um Novo Ano, dirijo as minhas mais fraternais saudações, e um abraço a todos os concidadãos, vivendo em Cabo Verde ou na Diáspora. Saúdo, igualmente, todos os estrangeiros que escolheram o nosso país, para viver ou trabalhar. Nesta hora de passar em revista o ano findo e perspetivar o futuro, os meus votos são de esperança num ano de 2024, muito melhor, para todos, tanto nas ilhas como no mundo inteiro.

É certo que atravessamos uma crise estrutural global, para a qual ainda não se vislumbra nem o fim, nem a duração, e nem o seu desfecho. São tempos difíceis, de crise e de estagnação, e com um retrocesso histórico na democracia. A sensação é a de que a insensatez impera, e que vozes autorizadas, como as do Secretário Geral das Nações Unidas ou do Papa Francisco, têm pregado no deserto. É patente a necessidade de um mundo mais humano e orientado para o bem comum. Precisamos, como de pão para a boca, de uma nova governança mundial.

Temos que ter confiança e alento suficientes para acreditar que 2024 será um ano de paz, principalmente pela cessação dos conflitos com evidente desprezo pela vida humana. Repudiamos os ataques maciços infligidos à população civil indefesa, com massacres de mulheres e crianças, só comparáveis ao pior que aconteceu durante a segunda guerra mundial. Cabo Verde defende a Carta das Nações Unidas e o Direito Humanitário. Desejamos intensamente que terminem as situações coloniais anacrónicas de ocupações ilegais de territórios.

Ambicionamos por um 2024 com menos pobreza, menos desemprego e menos desigualdades sociais, que são fenómenos corrosivos, para qualquer sociedade. Que estejamos determinados a encontrar os melhores caminhos, principalmente para a redução da pobreza extrema, eliminando a insegurança alimentar e as condições de vida degradantes, garantindo uma existência mais digna para todos os cabo-verdianos.

Outro desafio para este ano, que é transversal à sociedade, afetando a todos, é a questão da insegurança e da criminalidade. Esperamos mais sucesso nesta luta, a bem de um clima de maior tranquilidade e harmonia social.

No sector da Educação, não obstante os ganhos, que são assinaláveis, é preciso melhorar a sua qualidade, e examinar as questões relacionadas com as reivindicações que têm ocorrido ultimamente, nomeadamente as dos professores.

Na Saúde, regista-se, com agrado, o engajamento dos seus profissionais. No entanto, há que encetar esforços conducentes a uma melhor avaliação da prestação dos serviços disponibilizados aos utentes, com vista à sua melhoria, garantindo maior eficácia e eficiência. Nos Transportes, marítimos e aéreos, face à regressão que se constata, auguramos que aconteçam melhorias significativas durante este ano.

No geral, desejamos que as reivindicações de vários grupos profissionais possam merecer a devida atenção, pois, muitas delas parecem ser justas. O diálogo deve ser eleito como a melhor forma para encontrar soluções para os diferendos.  Por outro lado, é requerida uma revisão da política salarial do Estado, para que haja maior equilíbrio e justiça entre os diferentes grupos profissionais.

No tocante às alterações climáticas, a COP28 abre uma porta de esperança de um mundo livre de energias fósseis, capaz de atingir a almejada neutralidade carbónica em 2050. Cabo Verde se orgulha de iniciar esta caminhada, desde 2008. A aceleração da ação climática, a implementação do índice de vulnerabilidade, o financiamento climático e ambiental, são anseios de todos, principalmente dos Pequenos Estados Insulares em Desenvolvimento, ou seja, dos mais vulneráveis e dos mais afetados, incluindo o nosso país. 

Temos que melhorar a produtividade e a competitividade da economia. Nos próximos anos, devemos dispensar uma atenção especial aos oceanos, sendo fundamental a sua proteção e também potenciar todos os recursos marinhos.

Vivemos tempos difíceis, pelo que continua a ser necessário envidar esforços para garantir, tanto a segurança alimentar como a segurança energética, bem como implementar inovações tecnológicas.

Do mesmo passo, devemos persistir na preservação do nosso património natural e cultural. Assim estaremos a cuidar do futuro de Cabo Verde.

Para concluir, renovo os votos de que o Novo Ano traga, para todos, mais paz, mais amizade e mais irmandade. Mais oportunidades e mais prosperidade. Numa altura em que o Presidente da República concedeu alguns indultos, as minhas saudações são também extensivas a todos os que se encontram em Cabo Verde, a trabalho ou de passagem, doentes e acamados, ou ainda, privados de liberdade. 

Desejo muita saúde, felicidades e Próspero Ano Novo para todos nós!

Muito Obrigado!