Senhor Presidente da Assembleia Municipal,
Senhor Presidente da Câmara Municipal,
Senhores Presidentes de Assembleia Municipal e Senhores Presidentes de Câmara Municipal presentes,
Senhoras e Senhores Eleitos Nacionais e Locais,
Ilustres Convidados,
Minhas Senhoras e meus Senhores,
Começo por agradecer ao Senhor Presidente da Assembleia Municipal, Dr. Adilson Costa, e ao Senhor Presidente da Câmara Municipal, Dr. José dos Reis, pelo honroso convite para presidir a Sessão Solene evocativa dos 108 anos da Fundação do Município do Tarrafal de Santiago. Por feliz coincidência, nesta data, também se comemora uma efeméride histórica: o 25 de Abril de 1974, sinónimo de Liberdade, que precipitou o encerramento do ex-Campo de Concentração do Tarrafal, no memorável dia 1º de Maio de 1974, e abriu caminho para a proclamação da Independência Nacional, no glorioso 5 de Julho de 1975.
Aceitei, com todo o gosto e prontamente, o convite para esta cerimónia, e pela minha vontade, estaria aí neste momento, associando-me ao calor do convívio das celebrações. Porém, em virtude da minha deslocação a Roma (que não estava prevista), para representar o Estado cabo-verdiano nas exéquias do Papa Francisco, e render as últimas homenagens a este grande Amigo do povo cabo-verdiano, e que tinha um carinho especial por Cabo Verde, infelizmente, não me é possível estar aí de forma presencial.
No entanto, desejo os maiores sucessos e votos de prosperidade a todos os munícipes. Tarrafal tem várias potencialidades que, decerto, contribuirão para o bem-estar deste Município, se devidamente aproveitadas. É o caso, por exemplo, do turismo cultural, capaz de conferir enorme projeção e benefício ao Tarrafal. Na qualidade de Champion da União Africana para a Preservação do Património Natural e Cultural da África, destaco especialmente os esforços de todas as entidades para a elevação do ex-Campo de Concentração do Tarrafal a Património da Humanidade, cuja formalização da candidatura se prevê que aconteça em março de 2026. A sua concretização seria muito simbólica, e particularmente importante numa altura em que o mundo atravessa momentos de emergência de intolerância, de incerteza e de recuo no processo civilizatório.
A propósito, permitam-me que aproveite esta oportunidade para também homenagear o Papa Francisco, que destruiu tantos muros e construiu pontes; que foi um empenhado e genuíno defensor da paz e dos oprimidos, das mulheres, das minorias, e da dignidade dos imigrantes; que lutou pela inclusão, pela diversidade, “com todos, todos, todos”, sem deixar ninguém para trás. Foi portador de qualidades humanas excecionais, como humildade, simplicidade, modéstia, compaixão, agindo sempre com empatia.
Com efeito, precisamos seguir o legado de diálogo e de acolhimento deixado pelo pontificado de Francisco, honrando de forma singela a memória deste Papa do povo, humanista, amigo das periferias, sempre ao lado dos mais pobres, defensor da justiça social, da partilha em vez da concentração; que combateu a injustiça e foi um farol de esperança. Sempre preocupado com os custos ambientais e sociais da ganância, apelou de forma recorrente a uma ação global face à crise climática e as suas consequências.
A figura do saudoso Papa Francisco é incontornável, principalmente quando buscamos inspiração para a resolução de problemas globais, como ambiente e Direitos Humanos, e questões sociais, relacionadas com o combate à pobreza e os direitos dos mais vulneráveis. Se tivermos sucesso nestas áreas, estaremos a honrar a sua memória.
O Município do Tarrafal atravessa uma fase muito interessante do seu processo de desenvolvimento. Tenho acompanhado com atenção a evolução patente no Concelho, podendo-se constatar que Tarrafal está num bom momento. É de se regozijar com os esforços empreendidos pela edilidade no sentido de melhorar as condições de vida dos munícipes e que se traduziram no desencravar de algumas localidades, no estímulo ao tecido empresarial local, no empoderamento das famílias, em apostas na requalificação urbana, ambiental e paisagística, no saneamento, na educação, nas áreas desportivas e culturais.
Podemos afirmar que no ano da celebração dos 50 anos da Independência Nacional, Cabo Verde, e particularmente, o Tarrafal, refletem os ganhos do Poder Local. Mas ainda persistem desafios, tanto no país em geral, como nos diversos municípios, especialmente os mais periféricos. Há que eliminar as manchas de pobreza e a exclusão social. Impõe-se combater o desemprego, que atinge principalmente os jovens, promover a habitação condigna, o acesso à saúde e a melhoria de vida das camadas mais desfavorecidas.
Para sermos bem-sucedidos, precisamos de um grande djunta-mon, entre todos, para se construir consensos, especialmente no combate às assimetrias regionais, tudo num quadro de subsidiariedade e complementaridade. Após décadas de implementação, há necessidade de uma reconfiguração do Poder Local de forma a desempenhar com maior eficácia os desafios que hoje se colocam. Há necessidade de reforçar a capacidade financeira dos Municípios e das Ilhas.
A atualidade mundial tem-se revelado fértil em desafios, sendo que alguns são inesperados, inusitados e de consequências potencialmente catastróficas, que se juntam aos mais antigos. Assiste-se à fragilização do multilateralismo, ao não respeito pela soberania e integridade das nações. Há que combater as secas, a desertificação e resolver os problemas associados à mobilidade climática. São questões que devem merecer uma grande atenção da nossa parte, sobretudo agora que o mundo está a passar por um processo de reconfiguração derivado de guerras e conflitos armados, mas também por reconfiguração das relações comerciais.
Estou convencido de que, no Tarrafal, esta equipa camarária estará à altura de responder aos desafios e às aspirações dos seus munícipes. O Município tem uma população resiliente, um tecido empresarial crescente e uma dinâmica social e cultural evidente. Nos próximos 50 anos, para entregar mais, precisamos de acelerar o passo e dar o salto. Para concluir, renovo as minhas calorosas felicitações a todos os munícipes, nesta data comemorativa, augurando um futuro de muito progresso.
Muito obrigado pela vossa atenção!