Mensagem de S.E. o Presidente da República por ocasião do Dia do Município do Sal
15 de Setembro de 2020
Para a maior parte das pessoas que nos visitavam, vindas dos quatro cantos do mundo, a ilha do Sal foi, durante muito tempo, a porta de entrada no nosso país. O mesmo vale para os nossos milhares de emigrantes. O que encontravam, ao aterrar? Uma ilha plana, desértica, pequena, uma geografia passível de ser abrangida da janela do avião. Tangível. Mas também encontravam e descobriam os primeiros gestos da nossa morabeza, as boas-vindas de homens e mulheres. Hoje celebramos mais um Dia do Município do Sal. Fala-se que um dos combatentes cabo-verdianos, de regresso ao país, depois de anos nas matas e nos campos húmidos da Guiné, ao aterrar, perante a terra nua, virou-se para um colega e disse: ‘foi por isto que lutámos tanto?’ Mas, como terá reconfirmado, mais tarde, é possível amar a terra seca e escalavrada. É possível que ela se transforme num cartão postal e num motor do desenvolvimento económico do país, quer através da aviação comercial e do turismo, como já o havia sido com a riqueza mineral que lhe dá o nome, no tempo de Manuel António Martins, o chamado Senhor das Ilhas.
Hoje vivemos tempos diferentes e difíceis. Somos confrontados com uma pandemia, que será, por certo, muito falada no futuro. Será estudada nas universidades, analisada e investigada por historiadores. Os efeitos devastadores continuam ainda a assolar todo o mundo. A falada segunda vaga acentua ainda mais a gravidade da situação. O desemprego alastra e procuram-se todas as medidas capazes de estancar a sangria social e nas economias. A ilha do Sal, que muito deu ao país, dada a sua especificidade económica, é das mais atingidas, e onde os efeitos na vida das famílias mais se faz sentir. Mas como também se costuma dizer, onde grassa o mal, também medra a cura. Sabemos que é através do turismo, da retoma deste sector, que o país irá começar a reerguer-se. Daí o papel que a ilha continua a ter para o desafogo da nossa pequena economia. Em articulação com as autoridades sanitárias, seguindo as suas determinações, confiamos no futuro, acreditando nas capacidades dos homens e mulheres salenses – que hoje também são um espelho de todas as nossas matizes regionais.
Neste Dia do Município do Sal, que tem como padroeira a Nossa Senhora das Dores, desejo muitas felicidades a todos os que dão vida a esta ilha muito particular, em especial aos seus eleitos e responsáveis autárquicos, aos jovens e aos empresários, e que mantenham bem viva a chama da esperança e a confiança no futuro.
Jorge Carlos de Almeida Fonseca