31 de Janeiro-Dia Internacional da Solidariedade

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Assinala-se hoje, 31 de janeiro, o Dia Internacional da Solidariedade. Esta data interpela-nos, mais do que nunca, a refletirmos sobre o real significado deste conceito e o que fazer, no nosso dia-a-dia, para praticarmos em permanência atos solidários, nas suas diversas formas. No entanto, temos a registar, com alguma inquietação que, em consequência da pandemia da Covid-19, estes últimos dois anos puseram a nu, a nível planetário, o quanto a humanidade, em conjunto, tem falhado no capítulo da solidariedade.
Assistimos a uma realidade da qual a Comunidade das Nações não se pode orgulhar, com uma escandalosa falta de equidade no acesso às vacinações, criando um grande fosso entre países a administrar a quarta dose de vacinas, enquanto que, outros, ainda se esforçam para imunizar 10% da sua população.
 
Esta situação é tanto mais grave quando se sabe que, por exemplo, a distribuição de alimentos, também enferma do mesmo mal. Embora sendo a produção mundial suficiente para suprir todas as necessidades, é com tristeza que vemos milhões a passar fome, um pouco por todo o mundo.
 
O acesso universal às vacinas para o enfrentamento da Covid-19, a erradicação da pobreza e da fome, a promoção e a garantia da segurança alimentar, são metas perfeitamente alcançáveis, bastando para tanto o compromisso com ações solidárias, a nível mundial. Trata-se de um dever ético e moral de forma a viabilizar a solidariedade entre povos e Nações, bem como entre as organizações internacionais.
 
Em Cabo Verde, a solidariedade nunca foi letra morta, e pode-se mesmo afirmar que ela faz parte do nosso ADN. Graças a este traço de carácter – cuja expressão DJUNTA MON quase que define a forma de ser cabo-verdiano –, conseguimos ultrapassar e sobreviver aos recorrentes desafios que tivemos que enfrentar ao longo da nossa história. Uma solidariedade entre os residentes e os da diáspora; entre os mais abastados e os mais vulneráveis; entre aqueles que vivem nos centros urbanos e os do meio rural; entre ilhas, famílias e gerações.
 
Mas também se verifica que, com a evolução da nossa sociedade, tem-se registado alguma erosão desses valores que nos são tão caros, e que se torna indispensável reavivar e promover, em nome de uma responsabilidade recíproca.
 
Assim, aproveito esta oportunidade para apelar à recuperação dos sentimentos de solidariedade, traduzidos na fraternidade, caridade, compaixão, voluntariado, filantropia, entre outros, envolvendo famílias, Associações, ONG’s, Igrejas, Empresas, Instituições e o Estado. Quanto mais solidários formos, mais estaremos a promover os Direitos Humanos e a cumprir a Constituição de Cabo Verde.
 
José Maria Pereira Neves
Presidente da República
 
Foto: Site da AEBA