Ao se assinalar, hoje, 1 de dezembro, o Dia Mundial de Luta Contra a Sida, quero expressar o meu apoio e simpatia para com todas as pessoas que vivem com o VIH e também manifestar a minha solidariedade para com as famílias que, infelizmente, perderam seus entes queridos na batalha contra esta doença.
Registo, com agrado, os progressos alcançados por Cabo Verde no combate à SIDA. São sucessos resultantes de políticas adequadas, que se expressam em mais diagnósticos, redução de novas infeções, segurança transfusional, redução da transmissão do VIH de mãe para filho, o acesso gratuito e universal ao tratamento, redução do índice de mortalidade, de acordo com a meta estabelecida de 90-90-90, com o desafio de erradicar a SIDA no horizonte 2030.
As multiplas crises em que o mundo se vê mergulhado nestes últimos anos, tiveram o seu impacto em Cabo Verde e, particularmente, nas famílias mais vulneráveis, e que albergam um número substancial de pessoas portadoras de VIH. Sabemos que neste caso, a pobreza, o desemprego, a dependência económica da mulher em relação ao homem, constituem fatores de vulnerabilidade. Assim, aproveito esta oportunidade para apelar ao espírito de solidariedade e de fraternidade para com as pessoas seropositivas, especialmente nesta quadra festiva que se aproxima.
Realço que os resultados bastante positivos por nós conseguidos, foram graças ao envolvimento de todos, como uma prioridade nacional desde 1986, quando apareceu o primeiro caso: estruturas de saúde, associações comunitárias, ONGs, organizações da sociedade civil, líderes locais, educadores de pares, associações de luta contra a SIDA, Comunicação Social e os seropositivos.
Porém, um dos maiores problemas que infetados e afetados ainda enfrentam é o estigma da marginalização e da discriminação, tanto na família, na comunidade, no trabalho e na sociedade.
Para “Não deixar ninguém para trás” é preciso mais inclusão e empatia, e desmontar mitos, para, ao mesmo tempo, garantir que os Direitos Humanos estejam a ser respeitados, protegidos e cumpridos. Temos que lutar para zero novas infeções, zero mortes por SIDA e também zero discriminação.
Faço um apelo para a adoção de estilos de vidas saudáveis, com escolhas responsáveis nos nossos relacionamentos sexuais, tendo sempre em conta que a prevenção ainda é o melhor remédio, e que para se evitar a propagação de infeções, devemos praticar relações sexuais seguras. Por outro lado, por sermos uma sociedade cuja população é maioritariamente jovem e, logo, sexualmente ativa, há que apostar na mudança de comportamento da juventude. O elevado número de casos de gravidez na adolescência revela uma exposição ao risco de uma infeção devido a práticas sexuais desprotegidas. Daí que se deve adequar os currículas escolares à realidade do nosso tempo, educando os jovens e adolescentes para uma vida sexual ativa responsável.
Como Presidente da República, exorto a todos para continuarmos os esforços de forma a acelerar os ganhos conseguidos e atingir as grandes metas propostas pela ONUSIDA para vencermos esta luta e erradicar o VIH em 2030.