“Comemorar Cabral e os heróis nacionais não é nenhum culto de personalidade”

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“Comemorar Cabral e os Heróis Nacionais não é qualquer culto de personalidade, mas é fazer justiça à nossa história e expressar o nosso direito à gratidão a todos aqueles que doaram a sua juventude ao desenvolvimento deste país”.

O Chefe de Estado deixou, hoje, esta advertência ao presidir o Ato Central que, na presença dos órgãos de soberania, o Corpo Diplomático, os Combatentes pela Liberdade da Pátria e de uma moldura significativa da população que aderiu à iniciativa da Fundação Amílcar Cabral, assinalou o Dia dos Heróis Nacionais, 51 anos depois da morte de Amílcar Cabral, figura incontornável da história, a quem prestou uma vibrante homenagem.

“Celebremos Cabral pela sua dimensão de homem político e estratega, pelo seu pensamento, por toda a sua obra ao serviço da Guiné, de Cabo Verde, da África e do Mundo”, apelou José Maria Neves, que vê nas comemorações de 20 de Janeiro uma oportunidade pera lembrar aqueles que em momentos decisivos marcaram o destino do país.

O Presidente da República realça que “não há como apropriar-se de Cabral porque Cabral é da dimensão do mundo”.

O Mais Alto Magistrado da Nação considerou, por outro lado, que, apesar das assinaláveis conquistas já efetuadas, os ideais de Cabral de liberdade, igualdade e fraternidade ainda estão por realizar-se e precisam andar juntos, apontando a liberdade sempre como ponto de partida.

Deitando um olhar sobre África, Neves lamentou as mortes de imigrantes que continuam a ocorrer no Atlântico, apelando aos líderes do continente ao mesmo espírito e entrega da geração de Cabral e a um trabalho abnegado para que a África possa colocar as suas riquezas ao serviço dos africanos e criar oportunidades para todos.

Já no final da sua profunda intervenção, o Chefe de Estado destacou que a geração da independência cumpriu a sua missão, gerindo este país com “decência, honestidade e patriotismo, como pediu Amílcar Cabral”.

50 anos depois, referiu, há o desafio de resolver os problemas que ainda afligem os cabo-verdianos e devolver a confiança e a esperança aos jovens.

“É preciso acelerar o passo na transformação das ilhas para mais oportunidades de emprego, melhores transportes aéreos e marítimo, mais segurança e menos criminalidade, mais e melhor saúde e educação”, apontou.

Referindo-se à atenção que se deve prestar às instituições nacionais, o Presidente Neves pontuou que a Ética Republicana é, desde logo, o respeito pelas regras do jogo democrático, o respeito e a lealdade pelos órgãos constitucionais e a busca de consensos sobre os eixos essenciais que constituem os desígnios nacionais.

Mais, disse, a Ética Republicana é a busca do bem comum e nunca a captura do Estado por interesses escusos, é elevar o nível do debate político, que deve ser de ideias e não de casos, de prepostas e não de pessoas e de políticas que respondem aos anseios das pessoas.

O Presidente da República terminou a sua intervenção no ato que também marcou o arranque, em grande, das celebrações do Centenário de Nascimento de Amílcar Cabral, com uma homenagem a todos os cabo-verdianos, assegurando que “inspirados na gesta libertadora de Cabo Verde, nós cumpriremos, sim, Cabo Verde”!

Confira o discurso, em vídeo, na íntegra: