Com Vídeo/áudio da Conferência
No quadro da Semana da República, o sociólogo e historiador, António Correia e Silva foi o conferencista a versar o tema Por uma etnografia da liberdade na história de Cabo Verde”, no qual este refletiu sobre as várias significâncias da Liberdade ao longo de três séculos marcados pela escravatura e a sociedade escravocrata em, Cabo Verde. A escravatura diz, “ é uma vivência fundante dos cabo-verdianos”.
Na conferencia deste Domingo, António Leão Correia e Silva discorreu sobre a história de Cabo Verde e as dinâmicas da busca constante pela liberdade, desde o período do tráfico de escravos, que perdurou por cerca de três a quatro Séculos. Entre os fenómenos que moviam essa busca pela liberdade, Correia e Silva destacou o desejo de fazer cessar a fome, a necessidade de mobilidade entre as ilhas, a busca do conhecimento e a procura por uma vida melhor, através da emigração.
“A escravatura é uma vivência fundante dos cabo-verdianos e ela perdura em Cabo Verde durante pelo menos três quatro séculos, não só do ponto de vista jurídico, mas com relação social. E é bom que estejamos a refletir simbolicamente, que a fundação de Cabo Verde tem a ver com a escravatura”, afirmou o historiador.
Nisto, Correia e Silva acrescenta que “a escravatura é a negação mais contundente” da liberdade e a apropriação de um ser humano para o outro, sendo inegável que a fundação de Cabo Verde tem a ver não só com o tráfico de escravo, mas também com a sociedade escravocrata.
“Mesmo na escravatura, os africanos trouxeram para a Cidade Velha muito conhecimento. Grande parte da base epistémica que faz a sociedade escravocrata funcionar é conhecimento africano”, ressalvou Correia e Silva.
Por fim, o investigador conclui que a história das Ilhas é feita da “negação da liberdade e superação de barreiras”, tendo como ponto de partida a luta dos escravos pela sua liberdade.
Assim, a escolha do palco desta conferência não poderia ser outra, salientou o Presidente da República, José Maria Neves. “Vir à cidade Velha discutir a liberdade, na Semana da República, é um tributo a esta luta de séculos do homem cabo-verdiano pela liberdade e pela dignidade, disse José Maria Neves, em declarações aos jornalistas à margem do evento.