A propósito do Dia Internacional da Mulher, que hoje se comemora, dirijo uma saudação especial a todas as mulheres cabo-verdianas, desejando-lhes muitos êxitos na vida pessoal, familiar e profissional.
Dotada de dedicação e coragem para enfrentar desafios e vencer lutas difíceis, ao longo da história, a mulher cabo-verdiana tem-se revelado uma autêntica heroína, encarnando a esperança do futuro e, qualquer vitória que Cabo Verde celebre, é uma vitória da mulher cabo-verdiana.
Todas as felicitações são, pois, justas e merecidas, não apenas num dia em especial, mas todos os dias devem ser de homenagem àquela que carrega Cabo Verde às costas e constitui o pilar mais sólido da sociedade e fortaleza da caboverdianidade, transmitindo, de geração em geração, a nossa língua, a nossa cultura e o nosso amor pátrio.
Apesar do caminho ainda por percorrer, a vida das mulheres teve uma série extraordinária de conquistas, a nível mundial, nos últimos 100 anos.
No caso de Cabo Verde, a independência é o marco a partir do qual as mulheres viram a sua situação a evoluir de uma forma sempre ascendente, seguindo a tendência do resto do mundo. Porém, estes últimos anos têm sido de muita dificuldade para os cabo-verdianos, em geral, e para as mulheres, em particular.
A pandemia da Covid-19, que paralisou a indústria do turismo, afetou duramente as mulheres, que são quase a totalidade dos empregados em alojamentos e restauração. A guerra na Ucrânia inflacionou o custo de vida, principalmente das famílias monoparentais de baixos recursos e chefiadas por mulheres.
Há ainda a acrescentar os sucessivos anos de seca, que, somadas com todas estas crises, tiveram consequências socioeconómicas negativas, agravando as condições de sobrevivência das famílias mais carenciadas, evidenciando o rosto da pobreza e do desemprego, que é essencialmente feminino.
Em geral, as mulheres podem alcançar todos os patamares da nossa sociedade, por direito, e por mérito já demonstrados, em todas as áreas profissionais, em lugares de direção ou na política.
No entanto, estão ainda sub-representadas, resultando em menor poder económico, social e político, sendo que a paridade é uma meta que ainda está distante, já que ainda subsistem situações de desigualdades e obstáculos que impedem muitas mulheres de alcançar seus objetivos e sonhos.
Por outro lado, continuam a ser vítimas da VBG, uma triste realidade que nos envergonha e que devemos combater de forma vigorosa.
Na qualidade de Presidente da República, vou-me empenhar na defesa dos direitos da mulher, ou seja, na defesa dos Direitos Humanos e da Constituição da República, no que se refere à promoção da igualdade de oportunidades entre os cidadãos.
Devemos reforçar a sensibilização em relação à promoção de equidade e igualdade de género, através do seguimento das ações, e aproveitando da melhor forma o quadro legal. Há que envidar esforços para que sejam executadas políticas públicas mais assertivas, capazes de proporcionar melhores alternativas às mulheres, por forma a garantir-lhes uma melhor qualidade de vida, especialmente nas comunidades rurais mais pobres.
O combate à pobreza feminina e à VBG deve mobilizar toda a sociedade no sentido da implementação de políticas consistentes de forma a alcançar os objetivos pretendidos.
Neste Dia Internacional da Mulher, expresso, ainda, a minha solidariedade para com todas as mulheres dos países em guerra, as mulheres vítimas da violência, da discriminação, do assédio sexual, moral e político e do desrespeito pela dignidade da pessoa humana.
A minha homenagem às heroínas de todo o mundo, por tudo o que tendes feito pelo bem da humanidade, por todos os sacrifícios consentidos, pelas esperanças que difundem e pela perseverança e resiliência de todos os dias.
Em África, vivemos os dramas das guerras, dos golpes de estado, do terrorismo, das mudanças climáticas e do desrespeito pelos direitos civis e políticos e pelos direitos sociais, económicos e culturais das pessoas. São dramas que agravam as desigualdades e a pobreza e que afetam particularmente as mulheres.
Os desafios são, pois, enormes. Temos de estar preparados para os enfrentar, com coragem e ousadia, realizando as reformas que são necessárias e colocando todos os recursos materiais e intelectuais ao serviço da humanidade. Só assim estaremos a empoderar as mulheres, a promover o bem comum e a construir a África que Queremos e um mundo melhor para todas e todos.
Vivam as Mulheres de todo o mundo!
José Maria Pereira Neves