Mensagem de Sua Excelência o Presidente da República em alusão ao 1º de Maio, Dia do Trabalhador

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Hoje, dia 1º de maio, endereço calorosas saudações a todos os trabalhadores cabo-verdianos e votos de que possam comemorar da melhor forma esta data marcante para os trabalhadores de todo o mundo, que nasceu da luta contra a exploração e por melhores condições de vida e melhores condições sociais. Da histórica greve geral do dia 1 de maio de 1886, com origem em Chicago, e que se alastrou pelos Estados Unidos, ficou um legado de resistência, de lutas e de conquistas, que deve servir de inspiração para as novas gerações.

Na esteira da tendência dos últimos anos, a situação socioeconómica dos trabalhadores cabo-verdianos neste último ano foi igualmente de muito sacrifício. A persistente inflação vem degradando, de forma continuada, o poder de compra dos trabalhadores, sendo que, em muitos casos, o salário já não cobre as necessidades básicas, servindo apenas para sobreviver. O cenário é, também, de acentuado desemprego e de precarização dos empregos, com muitos trabalhadores a sentirem-se desamparados, com as suas famílias a passarem por muitas dificuldades.    

Com efeito, este conjunto de circunstâncias adversas tem penalizado os cabo-verdianos e, principalmente, as mulheres chefes de família, que são as mais pobres de entre os pobres de um país empobrecido. O futuro da nossa economia demanda que sejamos mais assertivos, mais metódicos e mais organizados, de forma a eliminarmos as disfunções do presente. Por exemplo, a deficiente conetividade entre as ilhas tem constituído em um fator inibidor do desenvolvimento do arquipélago. É um quadro que reduz drasticamente a atividade económica, cerceando as potencialidades de negócios, enfraquecendo a dinâmica de comércio, com todos os efeitos negativos daí advenientes.

Os trabalhadores cabo-verdianos já deram bastas provas da sua capacidade de resiliência e de superação. Ultimamente, já consentiram muitos sacrifícios e perdas e anseiam pela recuperação dos seus rendimentos e do poder de compra, para benefício das suas famílias, o que só acontecerá na sequência de um impulso mais forte na economia, revitalizando-a.

Face à presente conjuntura, os trabalhadores devem reconhecer a necessidade de um djunta mon na defesa das conquistas e dos direitos, com vista à superação deste momento mais difícil, da defesa de uma vida mais digna. É de reconhecer que chegamos a este estádio de desenvolvimento, graças ao fruto do trabalho abnegado de sucessivas gerações de cabo-verdianas e de cabo-verdianos, nas mais diversas áreas.

Nesta data emblemática para a classe trabalhadora, e quando a precaridade laboral ganha terreno, o papel dos sindicatos adquire uma relevância particular. Quanto mais unidos estiverem os trabalhadores, inscritos em sindicatos, e quanto mais fortes forem esses sindicatos, tanto melhor os interesses dos trabalhadores serão defendidos. Cumpre à classe trabalhadora ter a plena consciência desse facto, e aos sindicatos, o pragmatismo para evitarem atritos e falsas divergências, concentrando-se na defesa dos direitos dos trabalhadores.

O Presidente da República compreende o atual estado de espírito dos trabalhadores de Cabo Verde, e o facto de terem escolhido esta data magna para realizarem algumas ações e expressarem sentimentos de preocupação, tendo em conta a situação presente e as perspetivas para o futuro.

Apesar de o retrato da realidade não corresponder ao que seria desejável para uma grande franja dos trabalhadores, estes devem ter consciência da sua força e das vantagens da sua união, mantendo sempre a esperança de que serão implementadas políticas mais afirmativas, e que melhores dias virão. O Presidente da República reforça os votos de um futuro de sucessos e de prosperidade para todos os trabalhadores cabo-verdianos e que este dia decorra num clima de alegria e civismo.

 

 Presidente da República,

 

José Maria neves