Manuel Faustino, também homenageado pelo Presidente da República, recordando a sua experiência no Governo de Transição, enquanto jovem revolucionário de 26 anos, destacou em sua intervenção o percurso feito por Cabo Verde nesses 50 anos, marcados pela conquista da independência, a abertura democrática, a realização de eleições periódicas e o fortalecimento do processo democrático. Faustino apela ao maior engajamento da juventude atual, reconhecendo que os tempos são diferentes, mas que os objetivos pessoais não podem estar completamente desassociados dos desígnios coletivos.
Em entrevista, Faustino resumiu as linhas do seu discurso, trazendo luz sobre a experiência da sua geração e destacando a importância de repetir o que foi bem feito e evitar os erros cometidos. Ele reconheceu que, em termos pessoais, houve momentos complexos e de rutura, onde ele e outras pessoas tiveram de seguir caminhos diferentes dos que vinham sendo apontados.
Durante a homenagem, Faustino fez questão de dividir a honra com as pessoas em Portugal que fizeram sacrifícios homéricos pela causa da liberdade, da independência e da justiça social, e que nem sempre são muito reconhecidas. Ele enfatizou que muitos desses indivíduos já não estão entre nós, mas muitos ainda estão e continuam disponíveis para discutir, debater e ajudar a construir um Cabo Verde cada vez mais solidário e igual.
Traçando um paralelo entre o mundo de outrora e o mundo de hoje, Faustino também apelou ao maior engajamento dos jovens. Ele explicou:
“Mas o que penso, quer dizer, que nós temos de acreditar que cada um deve ter a sua ambição própria, deve lutar pelos seus objetivos próprios, deve ter ambição, mas não deve dissociar a sua ambição da solidariedade com os outros. Porque um avanço, um desenvolvimento apenas individual é relativamente efémero ou muito reduzido. É preciso pensar no desenvolvimento individual, nas ambições pessoais, nas ambições individuais, mas sempre balizados pelo coletivo, e particularmente solidários com aqueles que têm menos chance, menos possibilidade, menos capacidade de defenderem os seus direitos, de garantirem a sua sustentabilidade.”
Oiça a entrevista, a seguir, e veja o discurso, no vídeo mais em baixo: