Discurso feito sob improviso
Este é um momento de transcendente importância na vida da República. O Presidente da República é o garante da Independência Nacional, da integridade territorial e da unidade nacional.
O Presidente da República é também Comandante Supremo das Forças Armadas. Cabe ao Presidente da República ter sempre presente os valores da Independência Nacional. Este povo cabo-verdiano, desde sempre, não se resignou. Sempre lutou contra a subjugação. Sempre ergueu o facho da luta pela dignidade.
E houve, na história de Cabo Verde, momentos cruciais desta luta contra a subjugação, desta luta pela dignidade.
E, na segunda metade do século XX, jovens cabo-verdianos entregaram-se de corpo e alma à luta pela independência. E muitos desses jovens perderam a própria vida. Para que hoje pudéssemos levantar bem alto a bandeira da independência. Para que pudéssemos dizer que somos um povo livre de qualquer forma de subjugação. Mas, sobretudo, que somos um povo que está a escrever com as suas próprias mãos o seu destino.
E o Presidente da República deve, em todos os momentos, pôr em relevo os valores da independência nacional. Para podermos preservá-la, é necessário que, em cada momento, tenhamos presente esses valores.
Mas, quem melhor do que as Forças Armadas para referenciar-nos, em cada momento, os valores da independência? As Forças Armadas, cujo núcleo fundador esteve na raiz, na fundação das Forças Armadas Cabo-verdianas, na luta pela independência. As Forças Armadas, dizia, têm sido uma referência de luta pela afirmação de Cabo Verde enquanto Estado Soberano.
As Forças Armadas têm sido uma referência na afirmação de Cabo Verde no mundo. As Forças Armadas têm sido uma referência de formação de cidadãos cabo-verdianos comprometidos com os valores mais sagrados, porque lutaram, aqueles que contribuíram pela independência nacional. Mas, também, as Forças Armadas têm contribuído para uma forte unidade nacional.
As Forças Armadas, que integram jovens de todas as ilhas do país, têm sido uma escola de coesão nacional, têm sido uma escola de formação de jovens para amar este país, esse espírito patriótico de um profundo amor a Cabo Verde. É fundamental, ontem na luta pela independência e hoje na luta pela afirmação das liberdades, pela democracia e pela consolidação do Estado de Direito. E é por isso que decidi, no início do ano em que comemoramos os 50 anos da independência, destacar as Forças Armadas, homenagear as Forças Armadas.
E ao homenagear as Forças Armadas, ao condecorar as Forças Armadas com a Ordem Amílcar Cabral, estou a dizer a todas as cabo-verdianas e a todos os cabo-verdianos que temos aqui uma instituição de referência, uma instituição das mais prestigiadas do país, uma instituição integrada por mulheres e homens que todos os dias juram engrandecer Cabo Verde. Juram contribuir para que o espírito da independência se afirme todos os dias. Juram fazer de tudo para que o cabo-verdiano seja um povo livre, que vive os seus direitos e trabalha para a consolidação das liberdades.
Que todos os dias quer a afirmação da democracia e do Estado de Direito. Mas, sobretudo, uma instituição que integra mulheres e homens abnegados, resilientes, que consentem todos os sacrifícios, mesmo que seja a própria vida, para que Cabo Verde se engrandeça todos os dias.
E não é por acaso que as Forças Armadas são a instituição mais prestigiada do país, em que os cabo-verdianos mais confiam. E ao começar este ano com esta condecoração, eu quero dizer aos cabo-verdianos que temos de seguir o exemplo desses jovens, mulheres e homens que se entregam todos os dias a esta grandiosa gesta de amar Cabo Verde para poder fazê-lo cada vez melhor. As Forças Armadas têm tido um papel importante na garantia da integridade territorial. Esta é uma missão importante das Forças Armadas e não é por acaso que o Presidente da República é Comandante Supremo das Forças Armadas.
As Forças Armadas também têm contribuído para, reafirmo e repito, esse ideário da unidade nacional. E nos 50 anos, cabe ao Presidente da República trabalhar para termos cada vez mais união. Vivemos num mundo difícil, num mundo complexo.
Há muita gente interessada em provocar a polarização, em provocar o caos, em provocar a inimizade. Mas cabe ao Presidente da República apaziguar os ânimos. Cabe ao Presidente da República garantir a unidade de todas as cabo-verdianas e todos os cabo-verdianos.
E este ano deve ser comemorado sob o signo da Reconciliação Nacional. Todas as cabo- verdianas e todos os cabo-verdianos de todos os partidos políticos, de todas as ilhas, homem ou mulher, residente ou na diáspora, todas as cabo-verdianas e todos os cabo-verdianos unidos, devemos trabalhar para enfrentar os desafios de hoje. Para haver mais amizade social. Para haver menos crispação. Para haver, enfim, mais unidade. Para que num “Djuntamon” possamos trabalhar para construir o Cabo Verde dos nossos sonhos.
Isto é extraordinariamente importante. E as Forças Armadas, essa força que garante a unidade nacional, que trabalha todos os dias para defender a independência nacional, que trabalha todos os dias para garantir que as nossas liberdades sejam respeitadas, essas Forças Armadas que trabalham todos os dias para a firmação do Estado de Direito Democrático.
Mas, mais do que isto, eu gostaria de garantir que estas Forças Armadas de Cabo Verde continuarão a ser Forças Armadas – e este é um compromisso forte que o Comandante Supremo das Forças Armadas deve ter – Forças Armadas Republicadas, como têm sido até este momento, desde a independência. Desde a hora zero da República, estas Forças Armadas têm servido Cabo Verde.
E nós todos temos de trabalhar para que estas Forças continuem a ser Forças Republicanas, não sujeitas a qualquer tipo de influenciação política ou partidária, não governamentalizada, mas Forças Armadas autónomas, republicanas, instituições do Estado, capazes de continuar a cumprir com rigor, com disciplina, com profissionalismo, a sua missão de defender a Pátria e de continuar a trabalhar para o engrandecimento de Cabo Verde.
Não é só missão militar, as Forças Armadas têm dado exemplo nos momentos decisivos, no momento das epidemias, as Forças Armadas têm se destacado, vejam o combate à dengue, vejam durante a Covid-19, vejam durante a erupção vulcânica, mas vejam o contributo que as Forças Armadas dão no domínio da saúde, no domínio da educação.
As Forças Armadas têm contribuído para a educação para a cidadania, desde logo nas próprias fileiras, a escola de pupilos das Forças Armadas, o Programa Soldado Cidadão são exemplos de um contributo maior dessas Forças Armadas para a educação para a cidadania, para sermos cidadãos de corpo inteiro. E hoje quase que eu repetiria o signo do Presidente John Kennedy para, nestes 50 anos, perguntarmos a nós mesmos o que nós podemos fazer mais por Cabo Verde. Então, eu termino esta homenagem às Forças Armadas.
Para mim este é o momento dos mais altos da República, quando, frente a esta instituição, nós destacamos os valores que informam as Forças Armadas cabo-verdianas e damos a nossa garantia, enquanto Comandante Supremo das Forças Armadas, que tudo iremos fazer para que estas Forças Armadas continuem a ser uma instituição prestigiada, uma instituição sempre ao serviço da República, ao serviço das liberdades, ao serviço do Estado e do direito democrático. Uma instituição que garante a integridade territorial, a independência nacional e a unidade nacional.
Senhor Chefe de Estado-Maior das Forças Armadas, Senhores Oficiais, Praças e Sargentos, sintam-se orgulhosos porque estas Forças Armadas têm sido um exemplo do que Cabo Verde deve ser hoje e no futuro de Cabo Verde.
E contem com o Presidente da República e contem com o vosso Comandante Supremo das Forças Armadas.
Muito obrigado.